O Concurso para edifícios de usos misto em Sol Nascente – trecho 2, organizado pela CODHAB/DF, teve o resultado divulgado recentemente. Veja a seguir a proposta que recebeu menção honrosa, desenvolvida pelo escritório Vigliecca & Associados
Uma ideia de cidade a partir do olhar cotidiano
O vínculo com o lugar, a dimensão coletiva do projeto
Queremos uma cidade que nos represente como uma sociedade de valores coletivos, consciente de que o homem, suas ações e a realidade são uma só unidade; para tanto nos cabe a responsabilidade em proporcionar a construção preciosa do vínculo entre moradores e o espaço que ocupam. Estimulando a participação dos seres humanos enquanto personagens vivedores e não simplesmente atores figurantes. Eliminar os instrumentos racionais de conduta passiva substituindo-a pelo comportamento participativo, a apropriação consciente dos espaços de habitar.
A presença humana que encontra sentido e confere realidade às suas ações do cotidiano é a chave para o start de processos de urbanidade.
A diferença entre ocupar e habitar
As periferias são ocupadas pelo homem, mas não habitadas por ele.
Propomos uma arquitetura cúmplice na realização das atividades humanas, com espaços disponíveis para seu desenvolvimento. Espaços abertos às interpretações e que permitam modos de vida que integrem a cidade em uma rede permanente de interações; uma rede de vínculos inerentes a pluralidade da vida comum.
Propulsores de humanidade
O caráter fundamental do Habitar é cuidar, cultivar.
O morar é a essência do “ser-no-mundo”.
A diversidade de espacialidades, os referenciais, o todo desse habitar coletivo pensado aqui, entrelaça os espaços comuns internos a um percurso continuo de possibilidades e descobertas ao longo de ambiências variadas.
A “porta”, o “acesso”, o lugar que articula as esferas do público e do privado.
Essa fronteira entre o espaço exterior e interior…bancos, gradis, escadas, árvores, inscrições, postigos, capachos…o cuidadoso projeto desse acesso dá dignidade à habitação e a representa frente à cidade.
A “casa”
Transformar um mero alojar-se em um “habitar”. Estar são e salvo, livre, estar em paz...
É aqui, ao redor de nós mesmos que gravita tudo aquilo que nos é familiar, os utensílios e a casa como a materialização de uma vida que se desenvolve através do tempo. Nessa casa habita o homem comum imerso no cotidiano, que pensa a si mesmo em relação ao mundo e encontra nesse recolhimento necessário o âmbito propício para a contemplação da sua interioridade; traduzindo-a em projeções reais de modos de realizar-se.
Arquitetos
Hector Vigliecca Gani, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Neli Shimizu, Luiz Marino Kuller, Carolina Passos, Jéssica D’Elias, Kelly Bozzato.Área
15499.0 m2Ano do projeto
2017Fotografias
Cortesia de Vigliecca & Associados